segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A HISTÓRIA DO NOSSO PRESÉPIO

A Construção de um presépio obedece a um sem número de peripécias, para as quais não estamos preparados minimamente.
A escolha de todas as peças deve ser feita ao longo dos anos, porque a criatividade não é imediata, faz-se ao longo do tempo, vai crescendo connosco, tomando corpo ao longo dos anos. Com o nosso foi assim. Começou em 2004 com apenas, uma cabana, e algumas figuras uma vaca, um burro, um pastor, três reis magos, a Nossa Senhora, o S. José, as palhinhas, o Menino Jesus a estrela e o anjo da guarda.
Em 2005 cresceu e bem cerca de 1m2, em 2006 já não cabia na arca e ocupou um bocadinho mais, em 2007 já se estendia para a janela, em 2008, tinha tomado conta do hall e quase não conseguíamos entrar em casa, e como as visitas já eram muitas tivemos de estudar outro lugar. Pensámos muito e resolvemos que iria habitar a sala e lá foi crescendo para os 5m2, depois até aos 7 m2 em 2011.
Este ano mudámos tudo, mesmo tudo na nossa sala, até os quadros, e o presépio lá cresceu mais um bocadinho(diria mesmo um bocadãozinho) está previsto mais ou menos 10m2, e lá vem a mesma conversa de todos os anos, não este ano não vai crescer vai ser igual, não pode ser não podemos ficar todos os anos sem sala tantos meses.
Sim porque a montagem do presépio começa normalmente a 29 de Setembro e prolonga-se até 1 ou 8 de Dezembro e a desmontagem só se verifica em meados ou fins de Março porque temos sempre muitas visitas.
Durante todo o ano vamos recolhendo alguns objectos que nos são oferecidos pela natureza.
Procuramos outros em feiras da de artesanato, miniaturismo e casinhas de miniaturas, de antiguidades, nas feiras de verão que pululam por esse país fora durante o verão, e já chegámos a comprar em feiras internacionais da especialidade nomeadamente em Barcelona, Espanha é um território especializadíssimo nesta matéria.
Vamos a lojas onde se vendem artigos para presépios, compramos muitos artigos por catálogo ou em sites internacionais ingleses, italianos e espanhóis.
Sempre que viajamos trazemos sempre lembranças para o presépio. É desta forma fazemos a sua internacionalização. Temos peças oriundas da Tunísia, Alemanha, ilhas canárias, Espanha, Inglaterra, Marrocos, Deserto do SaHara, Ilha de Porto Santo, Lanzarote.
Este presépio também tem uma presença muito vincada de bons miniaturistas internacionais, franceses, ingleses mas principalmente portugueses conceituados como a Ana Castelão, a Cilocas, o Vítor Amaro.
Tem também um cunho muito especial dado por todos nós que vamos contribuindo com a nossa arte caseira e vamos construindo as peças que idealizamos de ano para ano, umas mais simples, outras mais complicadas com materiais que vamos utilizando de mais fácil manuseamento como a balsa, o barro, o gesso e as tintas ou outros mais complicados como as cerâmicas, as pedras, os cimentos, os isolantes e o ferro.
Depois temos a gestão do espaço de montagem que é demasiado complicada. Trazer todas as peças do sótão para o jardim que ocupam toda a rampa de acesso à garagem e começar a arquitectar a estrutura que difere de ano para ano, não é tarefa simples.
O local onde vamos colocar algumas peças chave para percebermos onde vamos colocar as luzes  e a estrutura em altura. São alguns dias de planeamento, desconstrução e replaneamento, até que tudo fique em harmonia.
Primeiro temos de testar toda a parte eléctrica e os motores para ver se está tudo em condições plenas de utilização.
Depois têm de se fazer pequenas reparações nalgumas peças que se danificam quando são guardadas, outras são repintadas para ficarem mais harmoniosas ou condicentes com a sua condição nesse ano específico.
Tudo é visionado até ao mais fino pormenor.
Não é fácil, temos de ter sempre o plano A, B e C prontos a entrar em acção porque este projecto inicia-se sempre aquando da desmontagem do presépio anterior e é edificado com muito carinho o ano inteiro.
Um presépio com estas características exige uma manutenção exaustiva, quer em termos de verificação das lâmpadas, das peças que muitas vezes caem, ou descolam , ou das aranhas que gostam de construir as suas casas lá pelo meio, das derrocadas que também acontecem, da manutenção dos motores de água, da electrificação de cada casa que está no cenário, da fixação da areia do deserto e das dunas até á manutenção do verde musgo, durante todos estes meses.
Há cerca de dois anos que não contabilizamos as peças do presépio mas julgamos que nesta altura tenhamos cerca de mais de 4000 peças.
Temos 28 pontos de luz de chama e quatro pontos de água em constante movimento. Três focos uma gambiarra de estrelas e mais 16 gambiarras de 150 luzes brancas.
Na composição do nosso presépio podem contar com uma igreja, uma capelinha, seis pontes, 3 lagos um rio, uma cascata grande, uma cascata com água em movimento, duas casinhas de xisto 3 de cortiças e duas brancas, 3 casas berberes, uma torre berbere, um forno berbere electrificado, uma casa com nora e água em movimento, 3 moinhos e um forno de pão, duas lareiras acesas, uma fonte com água em movimento, dois poços, quatro ruínas, um estendal, dois espigueiros, um castelo, um marco um largo da igreja, a cabana do menino jesus, o palheiro,4 grutas e uma  anta.
 
Para além de todas estas peças ainda temos algum comércio de rua, como os senhores que vendem peixe, carne, legumes e frutas, loiças, bric a brac, tecidos, especiarias, queijos, pão, cestos e alguns ateliers onde os artesões fabricam as suas peças temos os oleiros, cesteiros, bordadeira, fiadeira, sapateiro, amolador, ferrador.
Depois temos toda a parte de agricultura e pecuária de subsistência e ainda a de produção onde temos o tratador de cavalos, de coelhos e aves, de vacas, de porcos, o pastor, os agricultores com diversos tipos de agricultura biológica.
Temos ainda o pescador e as lavadeiras que vão complementar o cenário junto ao rio.
Todos estes cenários são completados com pedras, cortiças e diversos materiais para realização de solos diferentes bem como arbustos naturais e artificiais que criam a ideia de diversos tipos de vegetação.
Os nossos visitantes dizem sempre o mesmo de ano para ano, porque é que desmanchamos o presépio que dá tanto trabalho se dentro de pouco tempo voltamos novamente a fazer?
A nossa resposta é sempre a mesma, porque o que dá gosto não dá trabalho, e este é um brinquedo com que gostamos de ocupar o nosso tempo é uma terapia excepcional, que nos dá um prazer particular que nos ocupa o ano inteiro, e do qual falamos com paixão.

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