Portugal
São 9 as mulheres que morreram às mãos dos seus maridos,
namorados, companheiros, aqueles que supostamente lhes deviam dar amor, carinho,
atenção, e outras tantas que conseguiram escapar, tudo isto aconteceu em pouco
mais de um mês deste novo ano de 2019.
É triste, mas é verdade, que a cada dia que passa estes
números entram pelas nossas casas violando as nossas consciências.
Entram também na casa de inúmeras mulheres que sofrem de
violência doméstica e que nada fazem porque têm MEDO.
MEDO de serem incompreendidas, de serem assassinadas e
vivem eternamente amordaçadas até que um dia se possam libertar, quando ganham
coragem, quando transformam a palavra medo em Mais Energia para Dobrar
Obstáculos, ou quando se libertam no fim de linha da sua vida assassinadas como
tantos e tantos casos a que vamos assistindo.
As relações são feitas de boas partilhas, amor,
companheirismo, cedência, carinho e tantas coisas boas que nos ajudam a superar
todos os momentos da vida, o resto não são relações são submissões, abusos de
autoridade, violência … morte.
O mais chocante é que muitos jovens aprovam este tipo de
relações nos seus namoros e aceitam desde muito cedo esta submissão a situações
desumanas.
A missão de um pai e de uma mãe é precisamente estarem
atentos e alertarem e libertarem os seus filhos deste tipo de situações.
A missão dos filhos é de avisarem os pais que estão
atentos e que não admitem que casos de violência doméstica ocorram debaixo do
seu tecto.
A missão de todos pais, filhos, amigos, colegas de
trabalho, vizinhos, a sociedade é estarem alerta e denunciarem qualquer caso de
violência doméstica.
A violência doméstica é um crime público é nossa
obrigação denunciar.
São inúmeros os casos de morte por violência doméstica
que estavam sinalizados pela polícia.
Desengane-se quem pensa que tudo faz pelos filhos, para
que tenham uma família tradicional de mãe e pai ou padrasto, é preferível educar
um filho sozinho do que oferecer-lhe diariamente um trauma que lhe fica gravado
para sempre no coração e que lhe tatua a alma com um desenho de horror e medo.
Quem passa por um trauma destes muito dificilmente volta
a ficar bem. O medo instala-se no subconsciente e é muito complicado assistir a
situações de violência.
Hoje as vitimas têm mais condições para apresentarem as
suas queixas, mas, ainda assim, grande parte dos casos extremos de violência doméstica
estão sinalizados, mas ainda há quem morra.
Onde é que andamos a falhar?
TODOS, polícia, famílias, vizinhos, a sociedade, sim como
é possível que falhemos todos?
Falta-nos formação, sim desde os bancos da escola e não venham
dizer que não se deve falar disto com as crianças, quando todos sabemos que
muitas crianças calam os seus gritos amordaçados pela violência doméstica,
vivem-na, sem quererem apenas porque são obrigados a suportar um ambiente que
não deviam conhecer. Se houvesse formação sentiam-se livre para soltar os seus
gritos de alerta e quiçá salvariam as suas mães.
Só em 2019, foram nove as mulheres, sim 9 mulheres.
Em 2017, 85% das denuncias não seguiram para acusação.
Quantas mais mortes precisamos para implementarmos medidas
de fundo?
O que nos falta saber para as conseguirmos proteger?
O que é necessário fazer para que juízes como alguns que
conhecemos, não inflijam sentenças atentatório da hora de uma mulher
violentada, apoiando os agressores?
Quando é que os nossos deputados ganham coragem para proteger
as mulheres alterando o enquadramento legal e punindo severamente quem protege
os agressores?
Quantas crianças terão de sofrer ainda mais?
Quantas mais crianças irão morrer?
Quantas mulheres se irão calar?
Vamos nós assistir impávidos e serenos ao aumento do
número de óbitos?
Volto a lembrar é nossa obrigação denunciar. A Violência
doméstica é um crime público.
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