quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ASSÉDIO MORAL - RELATOS REAIS - 3



Isabel
Trabalhei numa empresa de importações e exportações no ano de 1990. fazia todo o trabalho de secretariado até que um dia a esposa do dono da empresa me contactou e me fez algumas perguntas estranhas.
Não respondi porque desconhecia que o Senhor tivesse uma amante.
Só lá trabalhávamos duas pessoas eu e o estafeta.
Estávamos na altura em que os telemóveis eram enormes malas que andavam a tiracolo e o Gerente tinha um. Era uma pessoa distante que só aparecia na empresa duas a 3 vezes por semana. Eu realizava todo o trabalho que ele ou o sócio me pediam e ainda alguns email para a empresa da esposo do sócio, que era uma senhora muito cordata e com quem eu gostava de trabalhar.
Dediquei-me durante cinco meses de alma e coração, até que um dia quinze minutos antes de sair a uma sexta-feira, fui despedida por telefone.
“Disseram-me que se quisesse podia sair já e que na segunda feira não precisava de me apresentar ao trabalho porque já não fazia parte dos trabalhadores da empresa.
Apressei-me a fotocopiar os documentos de marcação de férias que tinha na empresa e os documentos que comprovavam que tinha realizado funções na empresa, como cópias de faxes e documentos escritos, ainda não havia email.
Não tinha sido realizado qualquer tipo de contrato comigo ou seja o meu vinculo laboral era definitivo.
Fiquei em pânico tinha uma filha com menos de um ano e não irias ter direito a subsídio de desemprego estava a trabalhar há menos de seis meses nesta empresa.
Falei nesse mesmo dia com um advogado e foi metida uma providência cautelar que determinou e meu regresso imediato ao trabalho o que veio a acontecer menos de um mês depois da saída.
E aqui começou a verdadeira festa foi colocada no armazém quase em luz num local cheio de pó a trabalhar numa mesa quase sem espaço num computador obsoleto com um ecrã avariado a piscar verde fósforo. Sentada numa cadeira sem uma roda com as costas partidas e ao lado dos contentores do lixo.
O trabalho que me foi atribuído nem sequer fazia parte de qualquer trabalho que dignamente pudesse ser feito por qualquer trabalhador de uma empresa.
Passar listas telefónicas debaixo para cima e do fim para o principio.
À hora de almoço já estava numa cabine telefónica a falar com o meu advogado e a comprar uma caixa de disketes e uma máquina fotográfica descartável com flash.
Antes do fim do horário de trabalho já tinha fotografado o novo local de trabalho na integra, o ecrã do computador e tinha gravado o trabalho realizado em word ou excel já não me recordo bem para servir de prova. A minha rapidez foi a minha sorte porque no dia a seguir já não tinha drive de disketes e já não poderia ficar com nenhuma prova. Não tinha impressora, nem telefone.
A nova secretária do gerente era nem mais nem menos que a sua amante.
Com segui também fotografar o antigo local de trabalho numa fracção de segundo enquanto o estafeta estava ausente e me apercebi que a secretária se tinha ausentado para ir à casa de banho. Claro que não aguentei a pressão, despedi-me com justa causa , injustamente não consegui o subsídio de desemprego, apesar de ter interposto acção judicial que ganhei e onde até me foi atribuído um valor de indemnização por danos morais.
O Juiz soube julgar o problema e até escreveu na sentença “não é de homem, muito menos de um licenciado atitudes indignas e antiéticas como estas" " e fez-se justiça"

Sem comentários: