sábado, 9 de fevereiro de 2019

Violência doméstica - São 9


Portugal
São 9 as mulheres que morreram às mãos dos seus maridos, namorados, companheiros, aqueles que supostamente lhes deviam dar amor, carinho, atenção, e outras tantas que conseguiram escapar, tudo isto aconteceu em pouco mais de um mês deste novo ano de 2019.
É triste, mas é verdade, que a cada dia que passa estes números entram pelas nossas casas violando as nossas consciências.
Entram também na casa de inúmeras mulheres que sofrem de violência doméstica e que nada fazem porque têm MEDO.
MEDO de serem incompreendidas, de serem assassinadas e vivem eternamente amordaçadas até que um dia se possam libertar, quando ganham coragem, quando transformam a palavra medo em Mais Energia para Dobrar Obstáculos, ou quando se libertam no fim de linha da sua vida assassinadas como tantos e tantos casos a que vamos assistindo.
As relações são feitas de boas partilhas, amor, companheirismo, cedência, carinho e tantas coisas boas que nos ajudam a superar todos os momentos da vida, o resto não são relações são submissões, abusos de autoridade, violência … morte.
O mais chocante é que muitos jovens aprovam este tipo de relações nos seus namoros e aceitam desde muito cedo esta submissão a situações desumanas.
A missão de um pai e de uma mãe é precisamente estarem atentos e alertarem e libertarem os seus filhos deste tipo de situações.
A missão dos filhos é de avisarem os pais que estão atentos e que não admitem que casos de violência doméstica ocorram debaixo do seu tecto.
A missão de todos pais, filhos, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, a sociedade é estarem alerta e denunciarem qualquer caso de violência doméstica.
A violência doméstica é um crime público é nossa obrigação denunciar.
São inúmeros os casos de morte por violência doméstica que estavam sinalizados pela polícia.
Desengane-se quem pensa que tudo faz pelos filhos, para que tenham uma família tradicional de mãe e pai ou padrasto, é preferível educar um filho sozinho do que oferecer-lhe diariamente um trauma que lhe fica gravado para sempre no coração e que lhe tatua a alma com um desenho de horror e medo.
Quem passa por um trauma destes muito dificilmente volta a ficar bem. O medo instala-se no subconsciente e é muito complicado assistir a situações de violência.
Hoje as vitimas têm mais condições para apresentarem as suas queixas, mas, ainda assim, grande parte dos casos extremos de violência doméstica estão sinalizados, mas ainda há quem morra.
Onde é que andamos a falhar?
TODOS, polícia, famílias, vizinhos, a sociedade, sim como é possível que falhemos todos?
Falta-nos formação, sim desde os bancos da escola e não venham dizer que não se deve falar disto com as crianças, quando todos sabemos que muitas crianças calam os seus gritos amordaçados pela violência doméstica, vivem-na, sem quererem apenas porque são obrigados a suportar um ambiente que não deviam conhecer. Se houvesse formação sentiam-se livre para soltar os seus gritos de alerta e quiçá salvariam as suas mães.

Só em 2019, foram nove as mulheres, sim 9 mulheres.
Em 2017, 85% das denuncias não seguiram para acusação.
Quantas mais mortes precisamos para implementarmos medidas de fundo?
O que nos falta saber para as conseguirmos proteger?
O que é necessário fazer para que juízes como alguns que conhecemos, não inflijam sentenças atentatório da hora de uma mulher violentada, apoiando os agressores?
Quando é que os nossos deputados ganham coragem para proteger as mulheres alterando o enquadramento legal e punindo severamente quem protege os agressores?
Quantas crianças terão de sofrer ainda mais?
Quantas mais crianças irão morrer?
Quantas mulheres se irão calar?
Vamos nós assistir impávidos e serenos ao aumento do número de óbitos?
Volto a lembrar é nossa obrigação denunciar. A Violência doméstica é um crime público.

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